A trágica situação em que vivem as populações na parte sul de Angola, é o resultado da estiagem de 2011. Foram afectadas pela estiagem sobretudo as províncias da Huíla, Namibe e Cunene.
Segundo o depoimento do Pe. Pio Wakussanga, Pro Pároco da Paroquia Nossa Senhora de Fátima dos Gambos e presidente da Organização Construindo Comunidades da Igreja Católica, “apesar das acções desenvolvidas pelo Estado, a situação da fome continua extremamente crítica”.
Perante tal situação a Igreja de Angola, através da Caritas de Angola, organiza uma campanha de solidariedade que será lançada nos próximos dias apelando as dioceses, comunidades católicas e a sociedade em geral a se solidarizarem com estes irmãos e a doarem bens alimentares e água potável.
Segundo o Pe. Pio Wakussanga, “cerca de 153 mil habitantes, 11.563 precisam urgentemente de comida. E cerca de dez pessoas morreram vítimas de cólera”.
Para o Pe. Benedito Kapingala, Director da Carita Arquidiocesana do Lubango, “nas comunidades de Quilengues e Quihita cerca de 200 mil pessoas, os seus gados Bovino e Suíno necessitam com urgência de alimentos e água”.
O relatório da Agencia da Nações Unidas (OCHA, 24, May 2012), estima que “cerca de 550 mil pessoas foram afectadas pela seca nas províncias de Cunene, Lubango, Namibe, algumas áreas a sul de Benguela e alguns municípios a Sul e a Este da Província do Kuando Kubango”.[1]
A seca tem provacado as populações, doenças diarreicas, paludismos, doenças respiratórias, morte dos animais, abandono escolar das crianças e migração forçada em busca de alimentos e água.
De acordo com o Padre Pio Wakussanga, a falta de alimentos faz com que em muitos casos as populações se alimentem de raízes e frutos silvestres, uma alimentação que está a causar problemas de saúde sobretudo aos mais pequenos.
O Padre Pio afirmou, por outro lado que: “algumas zonas mais afectadas pela estiagem possuem reservas de água feitas há muito tempo, mas que não tem sido utilizadas pelas autoridades, não se conhecendo as razões”.
A Caritas de Angola, em conjunto com algumas Agencias não-governamentais está neste momento a fazer o diagnóstico concretamente nas províncias de Benguela, Huila, Namibe, e Kuando Kubango. Este servirá para uma melhor distribuição dos bens nas áreas mais afectadas e para a planificação de uma intervenção de prevenção logo que se superar a fase de emergência.